

Impacto da Cárie na Primeira Infância
na Qualidade de Vida
A cárie da primeira infância tem impacto negativo quando remete à qualidade de vida das crianças e suas famílias, trazendo alterações fisiológicas; sintomatologia dolorosa, abcessos, infecções sendo o alto custo do tratamento um obstáculo para família (PEREIRA; MIASATO, 2010; RIBEIRO; SOARES, 2021). Atualmente, de acordo com a American Dental Association, a cárie na primeira infância (CPI), é definida como “a presença de uma ou mais lesões cariadas (não cavitadas ou cavitadas), ausência (devido a cárie) ou restauração em qualquer dente primário em uma criança de idade pré-escolar entre o nascimento e 71 meses de idade (RIBEIRO; SOARES, 2021).
Esta patologia pode provocar vastas destruições coronárias e quando afetam vários elementos dentais podem resultar em perda de dimensão vertical, devido às alterações oclusais que levam a desvios funcionais e estético (CARVALHO; WENDEL, 2021). A estética deve merecer uma atenção especial em crianças portadoras de lesões múltiplas de cárie, por envolver além do aspecto funcional, o psicológico.
Restaurações em
Resinas Compostas
As restaurações em resinas compostas (RC) diretas são aquelas que podem ser aplicadas diretamente na cavidade dentária durante uma única consulta, elas têm sido amplamente usadas na clínica infantil, já que além de preservarem a estrutura do dente sadio elas são mais estéticas, e com o uso de boas resinas podemos devolver estética e função aos dentes decíduos. As restaurações não têm a capacidade de tratar a doença cárie, portanto, medidas preventivas e terapêuticas como orientação de higiene bucal, dieta e hábitos são fundamentais.
Manutenção e Longevidade
das Restaurações
Para a manutenção e longevidade destas restaurações (WANDERLEY; GIOVANNETTIDEL; MERLIALDRIGUI, 2015) Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi descrever uma alternativa de reabilitação estética e funcional em pacientes com cárie da primeira infância com a resina aura db da SDI.
Relato
de Caso
Paciente H.I.M, sexo masculino, 6 anos de idade, comprometido pela cárie na primeira infância, compareceu à clínica acompanhado pela mãe que assinou o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), antes dos procedimentos de exames. A principal queixa relatada pela mãe era a presença de lesões de cárie, dificuldade na mastigação e estética do sorriso da criança.
Na anamnese, observou-se que o paciente possuía boa saúde geral, ausência de alergias ou doenças sistêmicas e não fazia uso de nenhum medicamento. A escovação dos dentes era realizada pela criança 1 vez ao dia com uso de dentifrícios fluoretados contendo 1.100 ppm de flúor, quando perguntado sobre o fio dental a mãe relatou que não era utilizado.
Ao exame clínico, notou-se que o dente 52 apresentava cúspide em garra na face vestibular e palatina (Figura 1). E lesões de cárie ativa nos incisivos 51, 52, 61, 62 (Figura 2). Inicialmente, foram transmitidas à mãe e à criança orientações de dieta e higiene bucais, tão importantes para o sucesso e manutenção do tratamento.
Procedimento de
Restauração do Dente 52
No dente 52, a reconstrução coronária foi feita com o auxílio de matrizes anatômicas de celulóide (TDV, Pomerode, SC, Brasil), sob isolamento relativo com roletes de algodão. Realizou-se o recorte cervical da matriz com tesoura de ponta fina (Figura 3).
Após preencher a coroa com a resina (Figura 4), procedeu-se ao condicionamento com ácido fosfórico 37% (SDI, Joinville, SC, Brasil) por 30 segundos (Figura 5), seguido da aplicação do adesivo autocondicionante zipbond (SDI, Joinville, SC, Brasil) no dente e fotoativação (Figura 6). Logo após, a coroa de acetato foi levada à posição, adaptando-a e pressionando até extravasar resina, retirando o excesso com espátula (Figura 7) e fotoativando por 20 segundos em cada face (Figura 8).
Reabilitação dos
Dentes 51, 61 e 62
Para reabilitar os dentes 51, 61 e 62, realizou-se o preparo do remanescente dental: condicionamento com ácido fosfórico a 37% (SDI, Joinville, SC, Brasil) (Figura 9) por 30 segundos, lavagem e secagem com bolinha de algodão estéril; aplicação do sistema adesivo zipbond universal da SDI (Joinville, SC, Brasil) com o pincel descartável points (SDI, Joinville, SC, Brasil) (Figura 10) e fotopolimerização por 20 segundos (Figura 11). Inserção da resina aura DB (SDI, Joinville, SC, Brasil) (Figura 12) e fotoativação de cada incremento por 20 segundos (Figura 13).
Para finalizar, realizou-se o ajuste oclusal com papel carbono e o acabamento das restaurações com disco e polimento com pasta e feltro (Figura 14), devolvendo estética e função ao paciente (Figura 15).
Conclusão
A resina aura db se mostrou uma excelente escolha no tratamento para reestabelecer a estética e função dos dentes anteriores, com seu poder de mimetização e cor opaca, características que procuramos em resinas para dentes decíduos, além de apresentar boa lisura e brilho no polimento final, mostrando ser um material que deve fazer parte da rotina do odontopediatra.
Referências
– PEREIRA, L.; MIASATO J. M. Mantenedor de espaço estético-funcional em odontopediatria. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. São Paulo. v.22, n. 2, p. 154-62, 2010.
– WANDERLEY, T. M.; GIOVANNETTIDEL, Z. C.; MERLIALDRIGUI, J. Utilização de pinos intrarradiculares na reabilitação estética e funcional em dentes decíduos anteriores. Estética em Odontopediatria. 2ª ed. São Paulo: Santos, 2015, p. 232:115-136.
– CARVALHO, W. C. Cárie na primeira infância: um problema de saúde pública global e suas consequências à saúde da criança. Revista Fluminense de Odontologia, [s.n] v. 2, n. 58, p. 50-58, 2021.
– RIBEIRO,; SOARES, L. A. Prevalência da perda precoce de molares decíduos e tipos de mantenedores de espaço: revisão narrativa [Monografia] Santa Catarina, 2021.