Vivenciamos uma era de notáveis avanços técnicos e tecnológico na perspectiva dos materiais dentários, mas ainda convivemos, nestes dias de transição com a herança de atitudes “curativas” em procedimentos restauradores onde o tecido dentário era pouco preservado e as restaurações era retidas mediante reduções dentárias chamadas de forma de retenção.
Foi a partir de 1955, graças a Buonocore, que a era da odontologia restauradora baseada na adesão teve seu início e evoluiu, associando-se às resinas composta (Bowen), consolidando indiscutível respaldo científico e incrível abrangência de uso clínico. Assim, nesses 65 anos em que é estudada e aperfeiçoada verificamos a preponderância de abordagens minimamente invasivos onde a saúde e a estética caminham juntas para promover o bem-estar dos indivíduos.
Materiais como o amálgama de prata, em que pese sua importância, tendem cada vez mais ao desuso. Dentre os motivos que levam ao clínico a não usar esse tipo de material está o comprometimento estético envolvido, a ocorrência de falhas e fraturas e a remoção, hoje, considerada excessiva da estrutura dentária saudável. O objetivo desse trabalho é descrever, relatando um caso de substituição de restauração de amálgama por compósitos resinosos respeitando protocolos seguros.
Caso Clínico
Paciente R.F, 23 anos de idade, procurou atendimento odontológico queixando-se de restauração fraturada. Na consulta inicial verificou-se uma restauração em amálgama apresentando fratura no dente 46, (imagem 01).
O plano de tratamento proposto foi a remoção do restauro antigo e sua substituição por resina composta, que foi aceito pelo paciente, desejosa de uma restauração “branca”.
Após profilaxia e antissepsia da cavidade oral enxague bucal com solução de clorexidina (0.12%) procedeu-se a anestesia do tipo troncular.
Com isolamento relativo de campo e a superfície oclusal dos dentes do quadrante 4 secos, com auxílio de uma pinça tipo Muller, interpos-se carbono vermelho (accufilm) e pediu-se para a paciente ocluir em MIH (máxima intercuspidação habitual) e executar movimentos de protrusão e lateralidade direita e esquerda. Com a face preta do carbono (accufilm) pediu-se para a paciente cerrarmos dentes em MIH.
Desta maneira pode-se verificar as áreas da superficial do dente 46 que estariam envolvidas pelos contatos oclusais e que deveriam ser respeitados do quanto do procedimento restaurador.
Após instalada a anestesia e feita profilaxia do hemi arco, removeu-se restauração antiga sob isolamento absoluto com grampo posicionado no elemento 47 para facilitar a operatória. Após a remoção do amálgama removeu-se a pouca cárie remanescente e arredondou-se os ângulos internos com broca esférica acoplada em contra ângulo em baixa rotação e refrigerador. Observa-se um manchamento na dentina remanescente, provavelmente associado à esclerose dentinária ou mesmo tatuagem pelo amálgama da restauração anterior, esta estrutura sadia foi preservada.
Considerada finalizada a cavidade deu-se início aos procedimentos para adesão. Primeiramente, realizou-se o condicionamento seletivo do esmalte, com ácido fosfórico a 37% (Super Etch – SDI) durante 30 segundos (imagem 02). Após rinsagem (imagem 03), aplicou-se sistema adesivo do tipo autocondicionante de maneira ativa na dentina e passiva no esmalte condicionado (Zipbond – SDI), sendo empregado micro-aplicadores (Points – SDI) (imagem 04, 05 e 06). Após a cuidadosa evaporação dos solventes procede-se a fotoativação (Radii Plus – SDI) por 10 segundos (imagem 07).
Um primeiro incremento de resina composta (Aura Bulk – SDI) foi levado à cavidade, a acomodando de maneira a dar o formato às respectivas cúspides (imagem 08, 09 e 10) e fotopolimerizado. Para acentuar a percepção do aspecto de profundidade dos sulcos, aplicou-se corante de cor escura (Brown – GC) e um corante de cor clara (White – GC) (imagem 11) para criar a ilusão de volume e altura das cúspides.
Um incremento único, de resina mais translúcida, emulando o esmalte dentário (Aura E2 – SDI) foi acamado e esculpido com objetivo de reproduzir a anatomia do dente em questão (imagem 12, 13, 14, 15 e 16) sendo então foto polimerizado.
Após ajustes na oclusão utilizou-se discos e brocas multilaminadas (Jota do Brasil) para detalhes de acabamento e, para o polimento final, empregou-se borrachas espirais Swivel (Jota Do Brasil) (imagem 17 e 18.)