

As coroas metalocerâmicas foram consideradas o padrão ouro em termos de estética, adaptação e resistência para a confecção de próteses dentárias. Apesar do desenvolvimento de coroas livres de metal, as metalocerâmicas ainda são amplamente utilizadas devido à facilidade de confecção pela técnica de fundição (cera perdida) e pela vasta experiência que muitos técnicos em prótese dentária (TPDs) têm com esse tipo de prótese.
Em casos onde há indicação de coroas totais em dentes anteriores e o paciente já possui próteses metalocerâmicas nos dentes adjacentes, uma mudança no tipo de cerâmica pode comprometer a cor final da restauração. Isso ocorre porque a percepção de cor não é a mesma para uma prótese com infraestrutura metálica comparada a uma de zircônia ou dissilicato de lítio.
Atualmente, os cimentos resinosos duais autoadesivos são bem indicados para próteses com infraestruturas metálicas. Eles permitem a polimerização do cimento nas margens das coroas, reduzindo a degradação marginal do cimento até sua pega completa. A vantagem desses cimentos é a polimerização tanto pela luz quanto por uma reação química, assegurando alta conversão dos monômeros em polímeros. Isso resulta em altos índices de adesão entre a prótese e o substrato dentário, oferece um tempo de trabalho adequado, baixa solubilidade, além de serem fáceis de manipular e inserir, garantindo uma mistura uniforme entre as pastas base e catalisadora.
O objetivo deste relato é apresentar um caso de cimentação de coroas metalocerâmicas utilizando uma técnica simples e eficaz com um cimento resinoso dual autocondicionante.
RELATO
DE CASO
Paciente de 40 anos, sexo feminino, procurou atendimento para melhoria na estética dos dentes anteriores em termos de cor, forma e correção da linha média. Radiograficamente a paciente já apresentava tratamento endodôntico nos elementos 13, 12, 11 e 21, com pino metálico no 21 e pinos de fibra de vidro nos demais. Os elementos 21 e 12 apresentavam coroas metalocerâmicas com estética insatisfatória, o 11 e o 13 apresentavam coloração amarelada e os elementos 22 e 23 eram próteses sobre implante metalocerâmicas cimentadas. Como estes dois últimos apresentavam uma estética satisfatória, foi optado por não envolvê-los no tratamento, devido ao risco de remoção de próteses sobre implante cimentadas. Além disso, a coloração desta prótese serviu como base para o tratamento a seguir.
O tratamento proposto foi então de coroas metalocerâmicas nos elementos 13, 12, 11 e 21, para a obtenção de uma melhor estética em termos de forma, volume e anatomia da região. Primeiramente foi feito um enceramento diagnóstico do caso apenas nos dentes que seriam envolvidos no tratamento, com correção da linha média e demais adequações em relação a forma. A partir do enceramento foi provado o mock-up em resina bis-acrílica, onde puderam ser testadas as mudanças propostas. Após a aprovação do mock-up pela paciente, foram confeccionadas as próteses provisórias em PMMA.
Foram então removidas as coroas dos dentes 21 e 12 e executou-se os preparos dos elementos para a instalação dos provisórios. Após uma semana, realizou-se o refinamento dos preparos e o molde dos elementos 21, 11, 12 e 13 com silicone de adição. Em seguida foram provados os copings metálicos para a conferência da adaptação e espaço suficiente para a cerâmica de cobertura. Na sequência, foi provada a cerâmica para aprovação da cor, forma e oclusão das coroas e solicitado ao laboratório a finalização das peças com acabamento e glaze.
Na consulta de cimentação foi realizada uma profilaxia com pedra pomes e água dos dentes preparados. A parte interna de cada prótese foi limpa com álcool 70 e em seguida foi aplicado um jateamento com óxido de alumínio com partículas de 50 micra. Para a cimentação das coroas foi utilizado o cimento autocondicionante Set PP (SDI). Após a inserção do cimento na parte interna das coroas com a ponteira de auto mistura, as peças foram cimentadas uma a uma, sempre mantendo as coroas em posição para que não haja erro na inserção de alguma das peças. Em cada coroa cimentada, era aplicada uma fotopolimerização de 2 segundos para remoção do excesso de cimento na fase de gel, e em seguida por 60 segundos na face vestibular e palatal, utilizando um aparelho fotopolimerizador de alta intensidade (Radii Xpert – SDI). Por fim, uma última fotoativação com gel hidrossolúvel sobre as margens das coroas, prevenindo a inibição de polimerização da última camada de cimento pelo oxigênio, garantindo a estabilidade de cor do cimento.
Na consulta seguinte as coroas foram reavaliadas para checagem da oclusão e remoção de possíveis excessos de cimentos. Em seguida foram realizadas as fotos finais.